Crowdfunding: Fundar empresas com apoio coletivo, é possível?
Por Letícia Fagundes, jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, jornalista
Entenda sobre a modalidade e as vantagens entre investidores e as novas ideias
Para os nascidos até os anos 2000 a “rifa”, feita no papel para apoiar alguma causa, com um brinde, uma promoção, algum retorno através de um número, é bem conhecida. A geração Z sabe bem dessa modalidade de apoiar coletivamente, mas de forma física, no papel e indo buscar o prêmio.
Essa mesma geração entrou na internet e digitalizou o mercado de trabalho, o modo como as pessoas se relacionam e a forma como aquela “rifa” era feita. Com isso se expandiu geograficamente o apoio coletivo. Mas por que não tirar uma ideia do papel e tornar realidade? Assim nasceu o crowdfunding para investidores que querem apostar em novas empresas.
Crowdfunding, uma palavra em inglês onde crowd significa multidão e funding, financiamento. A palavra no Brasil é mais conhecida como investimento coletivo ou como termo popular “vaquinhas”, onde grandes grupos de pessoas colaboram com recursos individuais para um objetivo em comum.
Lembrou da “rifa”?
O crowdfunding, de forma geral, é sempre onde uma multidão está determinada por uma causa, produto ou negócio. Há algumas modalidades, como doação ou com recompensas, quais não estão atreladas ao mercado financeiro, ou seja, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não há regulamentação.
As novas ideias sempre movimentaram o mercado financeiro, mas muitas vezes ficavam esquecidas, em um caderno no interior de alguma cidade e que ninguém havia pensado até então. Uma grande perda, principalmente aquelas pessoas que buscam no que investir, mas não encontram ideias que realmente acreditam para apostar de fato.
O crowdfunding tem marcado grande presença no mercado financeiro brasileiro. A modalidade é um importante instrumento de captação de recursos para futuras empresas, quais necessitam de capital financeiro para desenvolverem seus produtos ou serviços. Com o objetivo de captar recursos para as novas empresas, estas procuram plataformas digitais de crowdfunding para divulgar sua ideia, seu projeto como uma oportunidade de investimento a um grande número de potenciais investidores.
Uma alternativa de aplicação financeira para os inúmeros investidores interessados em um investimento produtivo, justamente na etapa de nascimento de uma empresa. Um pontapé inicial que apoia o crescimento e desenvolvimento da economia.
A nova modalidade obteve avanços regulatórios da CVM em 2023, o que acarretou maior aderência pelo serviço. O novo modelo permite que as empresas ofereçam reais expectativas aos investidores. Há algumas plataformas online dedicadaa a esta modalidade de investimentos, deixando transparente em seu site as várias oportunidades, que por exemplo, vão desde turismo, rede hoteleira, responsabilidade com o meio ambiente, entre outros nichos.
Esta plataformas possuem atenção redobrada na segurança digital e em quem acredita nas transformações de impacto. Por isso, são regulamentadaa pela Resolução CVM 88, registrada na CVM. Confira aqui algumas empresas já fundadas através do crowdfunding estão em busca de investidores potenciais.
Empresas em estágios iniciais de desenvolvimento, devido a algumas características não são totalmente atendidas pelos bancos ou pelas estratégias tradicionais do mercado de capitais.Com o crowdfunding a estratégia inovadora, sem tradicional intermediação bancária, mas com a regulamentação CVM88 e a fiscalização da Comissão de Valores Imobiliários, acabou proporcionando maior credibilidade e segurança a quem quer investir nessa modalidade coletiva.
O Instituto Mulheres Jornalistas entrevistou o economista, doutorando do PPGCTIA-UFRRJ, da Coordenação da ABED e assessor da REBRIP, Adhemar Mineiro que explicou as vantagens do investimento para as novas empresas e para o investidores e como estes investidores podem enxergar esse mercado no futuro.
“A grande vantagem para as empresas é dar para elas uma nova possibilidade de captação de recursos, então amplia a possibilidade essa captação. E para os investidores é uma oportunidade, digamos, democrática de acesso a chances de valorizar os seus recursos, de virar sócio de empresas através da sua participação nesse tipo de esquema. Então pode ser aí uma democratização do acesso ao capital para as empresas e uma democratização do acesso à possibilidade de investimento por parte dos investidores”, afirmou Adhemar.
Para Adhemar Mineiro é importante entender e ter o maior número de informações para investir.
“É uma nova oportunidade, como são outras oportunidades que estão aparecendo, essas estratégias de aproximar empresas e investidores através de várias oportunidades chamados equities e o equity crowdfunding é uma nova oportunidade nesse sentido, através de plataformas, especialmente no caso de empresas que estão começando, as chamadas startups, empresas de tecnologia. O grande risco para o investidor é o pouco conhecimento que ele pode ter da empresa onde ele está colocando seus recursos, então no caso dos investidores eles têm que estar atentos a buscar muitas informações e não se animar com a primeira oportunidade. O primeiro projeto mais bonito que lhe aparecer pela frente. É sempre bom correr bem atrás das informações para saber onde exatamente está se colocando o seu dinheiro e quais as possibilidades de ganho e quais os riscos envolvidos”, destacou o economista.
Segundo dados da CVM, a procura a cada ano pelo crowdfunding tem inflado. Em 2021, ou seja, quatro anos após a regulamentação, o crowdfunding acelerou em 123% do ano anterior (2020), captando R$ 188 milhões, com apenas 56 plataformas cadastradas, um crescimento de 139% de investidores, que saltou de 8.275 no ano de 2020, para quase 20 mil novos investidores em 2021, ainda em ano pandêmico.
E aí, qual a sua ideia que ainda não saiu do papel? E você investidor, tem visto essas modalidades novas de que forma?