Criptoarte: conheça um pouco sobre a tendência
Por Giulia Ghigonetto, Jornalista-SP
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Chefe de Reportagem: Juliana Mônaco, Jornalista
Editora Chefe: Letícia Fagundes, Jornalista
O conceito chamou atenção após obra digital ter sido leiloada por quase 70 milhões de dólares
Você certamente tem ouvido falar muito sobre bitcoin e o promissor mercado das criptomoedas, mas você conhece o termo NFTs ou Tokens Não Fungíveis? A sigla ganhou destaque após a obra do artista Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple, ter sido leiloada por 69,3 milhões de dólares na Christie’s, uma tradicional casa de leilões britânica, se tornando a terceira obra mais cara de qualquer artista vivo. O que há de especial nela? Ela não existe fisicamente, é 100% digital.
Por 13 anos, Beeple produziu uma arte digital por dia e publicou suas criações nas suas mídias sociais e site. Ele então decidiu juntar todas as suas artes desenvolvidas e uni-las em apenas uma obra, oferecendo-a como um NFT, um ativo digital cripto-colecionável usado para transações no universo da arte digital que você pode adquirir no BlockChain (serviço de criptomoedas).
Uma das primeiras vezes em que se ouviu falar no assunto foi em 2017, com o lançamento do jogo Cryptokitties, no qual jogadores colecionam, trocam e vendem gatinhos virtuais que chegaram a serem vendidos por 170 mil dólares. Há pouco tempo, a NBA lançou o jogo NBA Top Shot, no qual os usuários podem colecionar e vender momentos da liga, como numa versão avançada dos álbuns de figurinhas. Neste ano, um vídeo do jogador de basquete, LeBron James foi adquirido por mais de 70 mil dólares e um meme foi vendido por 600 mil dólares.
“As criptoartes são produtos que fazem parte dessa lógica e que são compradas com criptomoedas. Quem as compra recebe um código único correspondente à aquisição daquela obra”, explica Luisa Adas, responsável pela página sobre arte Florindolinhas (@florindolinhas) e criadora do Museu do Isolamento (@museudoisolamento).
Um dos artistas mais bem sucedidos na área no país, o fotógrafo brasileiro Heidy Teixeira investiu na arte digital e, só no ano passado, arrecadou 100 mil dólares (R$ 547 mil). Atualmente, a demanda faz com que ele tenha peças espalhadas por galerias no mundo todo, tornando-se assunto, inclusive, de uma recente reportagem no Fantástico, programa da Rede Globo.
Um dos benefícios que apresenta é o fato de que o artista não precisa de ninguém intermediando a venda, e a arte pode ultrapassar fronteiras com o auxílio da internet. Uma pessoa do Brasil pode adquirir uma obra em qualquer lugar do mundo em instantes, gerando uma democratização do mercado de arte.
“A arte digital aproxima muito mais o público, pois corta quase que completamente os intermediadores, possibilitando que o artista converse diretamente com seus fãs. Além disso, tem o aspecto tecnológico, que permite o acesso global, ou seja, você não precisa ir até a galeria fisicamente para comprar seus trabalhos”, disse Bernardo Quintão, diplomata do Mercado Bitcoin ao site eInvestidor.
Apesar disso, Adas aponta que a prática também oferece desvantagens, já que é um item não palpável e o acesso a essa forma de comercialização de arte leva muito em consideração o uso de algoritmos, viabilizando e favorecendo apenas uma pequena parcela da população. Além disso, por ser algo muito recente e especulativo, a continuidade da criptoarte ainda é questionada.
Mas sem dúvida, isso expõe como a sociedade estima o simbolismo, a escassez e status das coisas. Afinal, o que leva alguém a querer gastar mais de meio milhão de dólares por ser o “dono” de um meme?