Por Paulo Ariel

Desconhecimento de sintomas agrava perspectiva de tratamento e contribui para o surgimento de novos casos

Estima-se que 990 mil pessoas vivem com AIDS no Brasil e mais de 51 mil novos casos foram registrados até o ano passado, segundo relatório da UNAIDS, o programa conjunto das Nações Unidas (ONU) como resposta global à epidemia de AIDS. Dados do Ministério da Saúde também apontam que cerca de 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de alguma infecção sexualmente transmissível.

O desconhecimento dos sintomas dessas doenças tem atrapalhado a busca por ajuda médica e um diagnóstico preciso para o tratamento, o que pode contribuir para o agravamento da saúde de pacientes e ao avanço do número de casos.

Entre as principais Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) no Brasil estão:

  • HIV/AIDS: o vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca o sistema imunológico, levando à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS);
  • Sífilis: causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis pode se manifestar em diferentes estágios e, se não tratada, pode levar a complicações graves;
  • Gonorreia: causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, a gonorreia pode afetar as membranas mucosas do trato genital, reto e garganta;
  • HPV (Papilomavírus Humano): o HPV é um vírus comum que pode levar ao desenvolvimento de verrugas genitais e, em alguns casos, ao câncer;
  • Herpes Genital: causado pelo vírus herpes simplex, o herpes genital pode causar feridas dolorosas na região genital.

Além destas, as hepatites virais B e C também são consideradas ISTs e representam um importante problema de saúde pública no Brasil. “O conhecimento sobre os sintomas, formas de prevenção e a adesão ao tratamento precoce estão entre os maiores desafios para se prevenir a continuidade da contaminação e se promover o tratamento adequado às pessoas, uma vez que essas doenças estão envoltas em estigmas e preconceitos”, explica o Dr. Igor Marinho, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

O especialista ressalta que a campanha nacional Dezembro Vermelho é um instrumento muito importante para disseminar o conhecimento. “Temos que estimular as pessoas a buscarem atendimento médico, por isso o conhecimento sobre os sintomas é fundamental”, alerta o especialista do São Camilo.

Conheça 10 sintomas comuns de ISTs

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) podem apresentar diversos sintomas, que variam de acordo com o tipo de doença.

  1. Corrimentos: aparecem no pênis, vagina ou ânus, podem ser esbranquiçados, esverdeados ou amarelados, e podem causar dor ao urinar e/ou durante a relação sexual;
  2. Feridas: podem ser dolorosas ou não, e podem ser seguidas de “íngua” na virilha;
  3. Dor pélvica: presente em algumas ISTs, como a sífilis e a gonorreia;
  4. Ardência ao urinar: um sintoma comum em muitas ISTs;
  5. lesões de pele: pode ser uma ferida discreta que surge no pênis, vulva, vagina, colo do útero, ânus ou boca, não provocando dor e desaparecendo após algum tempo;
  6. Aumento de ínguas: sintoma de IST comum na infecção pelo HIV;
  7. Febre: em casos de infecção por vírus, como a hepatite B e C, o HIV e o herpes genital, a febre pode ser um sintoma inicial;
  8. Tosse e dor de garganta: sintomas iniciais da hepatite B e C;
  9. Náusea e vômitos: também podem ser sintomas iniciais da hepatite B e C;
  10. Diarréia: outro sintoma inicial das hepatites B e C.

É importante ressaltar que algumas ISTs podem não apresentar sinais e sintomas, e, se não forem diagnosticadas e tratadas, podem levar a graves complicações, como infertilidade, câncer ou até a morte. Portanto, é fundamental procurar atendimento médico caso se perceba algum sinal ou sintoma suspeito de IST.

Diagnóstico

O diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é realizado por meio de exames e testes que podem ser classificados em duas categorias: exames rápidos e exames complementares.

Os exames rápidos são realizados a partir de uma amostra de saliva ou gota de sangue. Eles fornecem o resultado em, no máximo, 30 minutos e são indicados para o diagnóstico do HIV/Aids, hepatite C e sífilis.

Os exames complementares podem ser necessários para confirmar os resultados dos testes rápidos, especialmente em casos de suspeita de infecção por hepatite B e C. Além disso, podem ser realizados exames de sangue complementares, como a reação de agregação de antígeno (RAG) ou a reação de precipitação de antígeno (RPA).

Para casos de ISTs suspeitas, como lesões clínicas (visíveis), o diagnóstico pode ser feito com base no exame clínico dermatológico, ginecológico ou de outros órgãos afetados. Além disso, o médico pode solicitar um exame de sangue, como a sorologia não treponêmica e treponêmica (VDRL ou RPR) e a FTA-ABS (ou TPHA).

É importante ressaltar que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são imprescindíveis para prevenir o agravamento das infecções e o aparecimento de outras doenças. Portanto, é fundamental realizar exames regulares e procurar atendimento médico caso se perceba algum sinal ou sintoma suspeito de IST.

“A conscientização, a educação e o apoio contínuo são essenciais para avançar na resposta ao HIV/AIDS e às ISTs em geral, principalmente em relação às populações mais jovens”, aponta o Dr. Marinho, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. O uso do preservativo em todas as relações íntimas é o método mais eficaz para evitar a transmissão das ISTs, do HIV/Aids e das hepatites virais B e C.