Por Mariana Mendes, Jornalista –SP
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Após a vitória do Brasil na Copa do Mundo, o esporte promete crescer cada vez mais

            No último domingo (10), acabou a Copa do Mundo do Beach Tennis 2021, realizada no Rio de Janeiro. Primeira competição mundial sediada no Brasil da modalidade, o evento foi um grande sucesso e mostrou o potencial de público e dos atletas brasileiros no beach tennis. Comandada pelo capitão e ex-jogador, Alex Mingozzi, a equipe brasileira conquistou o tetracampeonato com os atletas Rafaella Miiller, Joana Cortez, Marcela Vita, Vinícius Font, André Baran e Thales Santos.

A final foi realizada contra o país dominante do beach tennis, a Itália. O campeonato por equipes funcionou da seguinte forma: quem ganhar melhor de duas partidas de três no total, ganha o confronto. São formados duplas femininas, duplas masculinas e duplas mistas e são jogados dois sets, assim como o tênis, com um super tie break de até 10 pontos, caso necessário para decidir o jogo. Portanto, na final, Rafa Miiller e Marcela Vita venceram as italianas com certa tranquilidade, com placar de 2 sets a 0, parciais de 6-3 e 6-3. Vini Font e André Baran confirmaram o título ao ganharem por 2 sets a 0, parciais de 7-5 e 7-5.

“É muita emoção. Temos uma equipe muito forte e unida. Somado a isso, jogamos aqui em casa, com essa torcida maravilhosa, que trouxe uma energia diferente. Estou muito emocionada e feliz pelo que fizemos”, comemorou Rafaella Miiller. “A gente merece demais esse momento, somos campeões de novo. Sou grato a toda a nossa equipe e a todos os brasileiros. Com chuva ou com sol, eles torceram demais e deram aquele algo a mais para nós nos momentos decisivos”, celebrou Baran para o site da Confederação Brasileira de Tênis.

“É uma conquista gigantesca, enorme. Me sinto muito bem apesar que os adversários são os italianos, meus irmãos, quando toca o hino pra mim é difícil já que toda minha vida representei a Itália, mas agora meu coração é brasileiro, minha família é brasileira, quero conquistar mais títulos pelo Brasil. Escrevemos mais uma página dessa linda história”, comentou o capitão do time para o SporTV. O Time Brasil é o primeiro a conquistar três campeonatos seguidos, em 2018, 2019 e 2021 – lembrando que o mundial por equipes não aconteceu em 2020 por conta da pandemia de coronavírus.

A conquista do título foi apoiada por uma grande e fervorosa torcida, mesmo com a chuva e frio que assolou o Rio de Janeiro na última semana. Além disso, pela primeira vez com transmissão no Brasil, através da plataforma NSports e o SporTV, mostrou como o beach tennis vem ganhando força aos poucos no Brasil e no mundo. Longe ainda de se tornar um esporte olímpico, a modalidade retoma as esperanças do país de ser dominante em uma atividade de areia, principalmente após a decepção dos times de vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

“A gente está acompanhando o beach tennis desde 2008, desde que começou, então as questões das mídias sociais, do streaming, do Brasil poder assistir é maravilhoso. O beach tennis está crescendo cada vez mais e é muito importante que qualquer pessoa de qualquer lugar do país possa acompanhar, assistir o beach tennis e ver que é possível. É um esporte democrático, a pessoa vai querer jogar, temos os ídolos sendo criados também, então isso é muito bacana.” disse Joana Cortez sobre o evento.

“Para disseminar o esporte, está sendo um trabalho incrível até para os jovens terem essa missão de querer jogar, de ter um ídolo, de querer ser igual a ele”, completou Marcela Vita. Além da conquista do time profissional, a Copa do Mundo de Beach Tennis 2021 presenciou o time juvenil conquistar o vice-campeonato na categoria júnior, após perderem para os italianos por 2 a 1.

Como surgiu o Beach Tennis

O beach foi criado em meados de 1987, na província de Ravena, Itália. Em 1996, viu-se a popularização e profissionalização do esporte. De acordo com a Federação Internacional de Tênis (ITF), a modalidade é uma mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton, e soma mais de 500 mil praticantes em todos os continentes, independente de sexo e idade.

O esporte chegou ao Brasil em 2008, no Rio de Janeiro. Apesar de ser muito popular nas cidades litorâneas brasileiras, é possível encontrar praticantes em cidades metropolitanas como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Hoje, segundo a federação, o Brasil é o segundo país com mais força no beach tennis, atrás apenas do país criador da modalidade. Só no estado de São Paulo, são mais de 900 quadras construídas, segundo a Confederação Brasileira de Beach Tennis.

Apesar do beach tennis ser uma modalidade praticada há pouco tempo no país, o Brasil já se destaca nas competições internacionais. Segundo a ITF, são mais de 300 torneios em 37 países, incluindo o World Championships, a World Cup e os campeonatos regionais na Europa, África e Américas.

O Brasil já conquistou o 3º lugar no Campeonato Mundial 2008, o 1º lugar na Copa das Nações 2010, Campeonato Mundial por equipes em 2013. Os atletas também alcançaram o título de campeão mundial na Sérvia em 2016, o Sul-Americano em 2014 e o Pan-Americano em 2014, 2015, 2016 e 2017 e, agora, possuem quatro taças de Campeão do Mundo.

Uma das pioneiras do país no esporte foi Joana Cortez. Bicampeã pan-americana de tênis, a carioca conquistou seu primeiro torneio em setembro de 2010, em Nova York, e passou a ser a primeira atleta “não italiana”, ao lado da também carioca Samantha Barijan, a alcançar a primeira colocação no ranking mundial.

O esporte com a cara do Brasil

            O beach tennis se destaca pela facilidade com que uma pessoa aprende a jogar. Essa é uma afirmação da Confederação Brasileira de Tênis e também de Flávia Muniz, de 42 anos, atleta profissional e professora de beach tennis. Já com uma base do tênis, Flávia entrou em contato bem cedo com o esporte, já na sua entrada no Brasil. “Dois amigos entraram em contato comigo e alguns outros tenistas dizendo que tinha um esporte novo para conhecer que iriam montar uma rede na praia de Ipanema. Eu e mais quatro pessoas fomos, começamos a jogar e aí foi indo. Cada final de semana a gente marcava e foi assim que a gente começou. Em 2009, eu já jogava Campeonato Brasileiro, Campeonato Estadual, tudo que tinha, eu já jogava desde o início como profissional”.

O primeiro torneio oficializado da modalidade realizado no Brasil aconteceu em dezembro de 2010, na cidade de Florianópolis, com 36 tenistas inscritos. Para entender o rápido crescimento do beach tennis no país, na semana seguinte, o Rio de Janeiro foi sede do segundo campeonato em solo brasileiro. Em 2011, ocorreram oito competições, em 2012 e 2013, nove; em 2014, dez; e em 2015, 21 torneios. Cada ano que passa, mais competições entram no calendário dos atletas, que viajam o mundo em busca de títulos.

O crescimento do beach tennis e das construções de quadras em 2020 se deu também pela pandemia da covid-19. Devido à necessidade de exercícios ao ar livre, o beach tennis pareceu a perfeita combinação de diversão, prática física e segurança em relação à saúde. “É um esporte agregador, na praia ao ar livre. Então, tem essa facilidade de integração”, afirma Flávia.

E essa facilidade de jogar é o que chamou a atenção da atleta para o esporte. “Isso torna o esporte mais competitivo. Eu sou competitiva, mas a minha base do tênis  me ajudou com essa facilidade em jogar o beach tennis.” Em uma fala mais lúdica, Flávia ainda expressa a parte democrática do esporte, que a encanta e muitos outros jogadores. “Os rallys,  as belas jogadas e o fato de qualquer idade, pessoas de qualquer idade pode jogar”, completa.

Regras

Como explicado anteriormente, o beach tennis é um esporte muito fácil de aprender. Porém, é preciso entender algumas regras básicas que o diferenciam de outros esportes. Por exemplo, as quadras da modalidade são retangulares e possuem 16 metros de comprimento. A largura, entretanto, varia de acordo com a partida. Nos jogos de duplas, ela se estende por 8 metros, nos jogos de simples, ela fica em 4,5 metros de largura.

Outra medida importante é a altura da rede. Em campeonatos amadores, geralmente, a rede pode ficar com a altura de 1,7 metros do chão. Porém, na Copa do Mundo de Beach Tennis, essa altura era apenas para os jogos de duplas femininas e mistas, enquanto as duplas masculinas possuíam a rede com altura de 1,8 metros. Diferente do tênis tradicional, a rede deve ficar reta, tendo a mesma altura em toda a sua extensão. Uma curiosidade sobre a rede é que ela deve ser feita de uma malha que a bolinha não consiga ultrapassá-la. Assim,a rede utilizada para o vôlei de praia não pode ser usada para as partidas de Beach Tennis.

Outro assunto para entender uma partida de Beach Tennis é a pontuação. Relembrando o tênis, a escala segue 15 – 30 – 40 e game. Porém, não há vantagem caso os jogadores empatem em 40 a 40. Neste caso, quem faz o próximo ponto vencerá o game. Os jogos tem 2 sets de 6 games, com possibilidade de tie-break dentro de um game até a pontuação 7, com diferença de dois pontos. Se a partida empatar em 1 set a 1, os jogadores disputam o super tie-break até 10 pontos.

O saque do beach tennis também tem suas particularidades. O sacador pode escolher qualquer lugar atrás da linha do fundo da quadra para sacar, porém, em hipótese alguma, poderá pisar na linha. Se pisar na linha durante o serviço, o ponto vai para o adversário. O serviço de beach tennis pode ser feito por baixo ou por cima, dependendo da estratégia dos jogadores. O saque por baixo é mais visto em jogos femininos, quando necessário e em jogos de duplas mistas, que o saque do homem deve ser efetuado por baixo, sempre.

Além disso, não existe falta no beach tennis. Se o sacador errar a tentativa de saque, é ponto do adversário. E se a bola tocar na rede na hora do saque, o jogo continua normalmente, sem necessidade de repetição do saque como existe no tênis tradicional. Um aspecto importante do beach tennis é que o jogador, durante a partida, não pode invadir a quadra adversária nem tocar na rede. Se isso acontecer, o ponto será do adversário.

Essas são as regras principais para aprender o beach tennis e, como diz a professora Flávia Muniz, para que o esporte consiga crescer no Brasil, é preciso que o público jogue. “Temos que difundir o beach tennis, falar pras pessoas, mostrar que o esporte é fácil, que é descontraído. É um esporte que respeita, não apenas o adversário, mas a torcida”.