Alysson Paolinelli: legado que nos orgulha
Por Giselle Cunha, Jornalista- RJ
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Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista
A história e a trajetória do Engenheiro Agrônomo que chegou à indicação do Prêmio Nobel da Paz
Criado em 1901, o Prêmio Nobel da Paz representa uma das cinco premiações (as outras são: Química, Física, Medicina e Literatura) idealizadas por Alfred Nobel, que foi um grande fabricante, industrial e inventor do seu período. Na época, Nobel deixou em seu testamento um pedido para que a maior parte da sua fortuna fosse destinada aos prêmios citados com o objetivo de homenagear aqueles que tivessem proporcionado um grande benefício à humanidade no ano anterior, e que assim ocorresse todos os anos, sucessivamente.
Alguns ganhadores do Prêmio Nobel da Paz
- 1901- Henri Dunant (Foi um dos fundadores do Comitê Internacional da Cruz Vermelha) e Frédéric Passy (Um dos principais fundadores da União Interparlamentare também o principal organizador do primeiro Congresso Universal de Paz);
- 1906 –Theodore Roosevelt (Responsável pela mediação exitosa para o fim da Guerra Russo-Japonesae por seu interesse em arbitragem, tendo fornecido ao Tribunal Permanente de Arbitragem seu primeiro caso);
- 1910 – Gabinete Internacional Permanente para a Paz (Na época atuou como uma ligação entre as sociedades de paz e vários países).
- 1917/1944/1963 – Comitê Internacional da Cruz Vermelha (A Instituição cumpriu a enorme tarefa de tentar proteger os direitos dos muitos prisioneiros de guerrade todos os lados [da Primeira Guerra Mundial], incluindo seus direitos de estabelecer contato com suas famílias). Depois pelo grande trabalho que fez durante a guerra em nome da humanidade e por último, por seu trabalho em geral na proteção dos direitos humanos nos 100 anos de existência do CICV;
- 1931- Jane Addams (Pelo seu engajamento no trabalho de reforma social e por liderar a Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade) e Nicholas Murray Butler (Pela promoção do Pacto Briand-Kellogg);
- 1946 – Emily Greene Balch (Ex-professora de História e Sociologia; Presidente internacional honorária, Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade) e John Raleigh Mott (Presidente, Conselho Missionário Internacional; Presidente, Aliança Mundial das Associações Cristãs de Moços);
- 1949 – John Boyd Orr (Era Médico; Político alimentar; proeminente organizador e diretor, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura; Presidente, Conselho de Paz Nacional e das Organizações de Paz do Mundo);
- 1950 – Ralph Bunche (Professor, Universidade HarvardCambridge, MA; Diretor, divisão de Tutela, ONU.; Mediator na Palestina, 1948);
- 1952-Albert Schweitzer (Cirurgião missionário; Fundador do Lambaréné, République de Gabon);
- 1964 – Martin Luther King Jr. (Foi um dos maiores ativistas pelos direitos civis, “primeira pessoa do mundo ocidental a ter nos mostrado que uma luta pode ser travada sem violência.” King ocupou seu tempo trabalhando em várias áreas do movimento dos direitos civis; da educação igualitária à privação econômica das minorias. King também organizou a Marcha sobre Washington, quando proferiu seu famoso “Discurso Eu Tenho um Sonho”);
- 1965 – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Trata-se de um órgão das Nações Unidasque tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento criando condições duradouras);
- 1973 – Henry Kissinger e Lê Đức Thọ (Pelo acordo de Parisde 1973, cuja intenção era um cessar-fogo na guerra do Vietnã e a retirada das tropas americanas;
- 1976 – Betty Williams e Mairead Corrigan (Fundadoras do Movimento pela Paz na Irlanda do Norte, posteriormente renomeado Comunidade Gente de Paz);
- 1979 – Madre Teresa de Calcutá (Fundadora da Missionárias da Caridade);
- 1984 – Desmond Tutu (Foi um líder unificador na campanha para resolver o problema do apartheid na África do Sul. Pela atribuição do Prêmio da Paz deste ano, o Comitê gostaria de direcionar a atenção à luta não-violenta pela libertação a qual Desmond Tutu pertence, uma luta na qual sul-africanos negros e brancos se unem para tirar seu país do conflito e da crise);
- 1989 –Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama (Em sua luta pela libertação do Tibete, consistentemente opôs-se ao uso de violência. Em vez disso, defendeu soluções pacíficas baseadas na tolerância e respeito mútuo, a fim de preservar a herança histórica e cutural de seu povo).
- 1992 – Rigoberta Menchú (Foi ganhadora por seu trabalho por justiça social e reconciliação étnico-cultural baseada no respeito pelos direitos dos povos indígenas);
- 1993 – Nelson Mandela e Frederik Willem de Klerk (Por seus trabalhos pelo término pacífico do regime do apartheid, e por lançar as bases para uma nova África do Sul democrática);
- 1999 – Médicos sem Fronteiras (Reconhecimento do trabalho humanitário pioneiro da organização em vários continentes).
- 2003 – Shirin Ebadi (Se dedicou à democracia e aos direitos humanos. Concentrou-se especialmente na luta pelos direitos das mulherese das crianças);
- 2009 – Barack Obama (O então presidente dos EUA não mediu esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos);
- 2011- Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakel Karman (Pelas suas lutas não-violentas para a segurança de mulheres e pelos direitos das mulheres de sua plena participação no trabalho de construção da paz);
- 2014 – Kailash Satyarthi e Malala Yousafzai (Pela luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação);
- 2019 – Abiy Ahmed Ali (Por passar vários meses a tentar alcançar a amnistia do país, acabando com a censura dos meios de comunicação, promovendo a paz social, e aumentando a importância das mulheres na comunidade da Etiópia);
- 2020 – Programa Alimentar Mundial (Pelos seus esforços no combate à fome, pelo seu contributo para melhorar as condições pela paz em zonas atingidas por conflitos e por agir como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como uma arma de guerra e de conflito);
- 2021- Maria Ressa e Dmitry Muratov (Pelos os seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, que é uma pré-condição para a democracia e uma paz duradoura).
Fonte: Site Wikpedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Laureados_com_o_Nobel_da_Paz)
Vida e Obra de Alysson Paolinelli, o Brasil antes e depois
Pensar em Agronegócios e não lembrá-lo é impossível. De uma cidade no interior de Minas Gerais para o mundo, assim se resume Alysson Paolinelli, que, aos 85 anos, representou o Brasil como um dos indicados ao Prêmio mais conceituado a nível mundial no ano de 2021. Nascido em 1936, Alysson já era filho de engenheiro agrônomo e, reconhecendo a importância do papel executado pelo pai em sua cidade, resolveu seguir seus passos. Saiu de casa aos 15 anos para se dedicar aos estudos e formou-se como engenheiro agrônomo em Lavras, Minas Gerais, em 1959. Trabalhou como professor, diretor, até que recebeu um convite para assumir a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e aceitou o desafio. Daí em diante, Paolinelli traçou uma série de projetos que revolucionaram todo o setor como o Programa de Crédito Integrado (PCI) que gerou modernização e o conceito de sustentabilidade para a área rural.
A seguir, o engenheiro agrônomo, em destaque pelos feitos de aumento de produção alinhado com a sustentabilidade, chamou a atenção do Governo Federal e recebeu o convite para assumir o Ministério da Agricultura, onde ocupou o cargo de 1974 até 1979. Esse período é considerado crucial para o setor agrícola, pois foi criada toda a estrutura da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que hoje é responsável por alimentar 10% da população mundial, e foi possível crescermos mais de 6 vezes nossa produção de grãos, ocupando apenas o dobro da área plantada, ou seja, foi um feito sustentável histórico.
Reconhecimentos e Premiações
- Prêmio Frederico de Menezes Veiga, da Embrapa (1981);
- Em 2006, recebeu o World Food Prize;
- Professor Emérito da Universidade de Lavras (2006);
- Personalidade do Agronegócio (2006), pela Associação Brasileira do Agronegócio;
- Ordem Nacional do Mérito Científico – Classe Grã-Cruz (2008);
- Medalha dos 150 anos do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
- Em 2010 foi escolhido presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), em momento preparatório à transformação do Brasil em grande exportador do grão;
- Também passou a presidir o Fórum do Futuro, iniciativa voltada ao debate sobre desenvolvimento sustentável – com foco em ciência, pesquisa, inovação e tecnologia;
- Medalha Luiz de Queiroz (2017).
- Em 2019 foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA);
- E ainda se tornou titular da Cátedra Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), cadeira voltada a personalidades de notório saber.
Atualmente, Paolinelli é presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) e permanece desempenhando seu papel de investidor em tecnologia para aumento de produtividade de forma sustentável. Estima-se um aumento de 4% da área plantada nesta safra do verão 2021/22.
Em entrevista para o Instituto Mulheres Jornalistas, esbanjando alegria, humildade e simpatia, Alysson Paolinelli relembra momentos do início da sua trajetória e fala sobre sua indicação ao Prêmio Nobel da Paz.
Mulheres Jornalistas (MJ): Como era o cenário brasileiro no Agronegócios quando o senhor assumiu a Embrapa? Ao estruturá-la, quais eram os principais objetivos?
Alysson Paolinelli: A pesquisa no Brasil, até então, não era levada a sério. Era um órgão de administração direta, com uma burocracia incrível. O pesquisador era transformado por contingência da própria instituição, eram colocados como uma terceira classe. Eles ficavam em média por seis meses pedindo a diária, quando conseguia, ele demorava mais três meses para comprovar os gastos (veículo, hospedagem e alimentação) e a pesquisa ficava em terceiro plano, acabava não sendo o foco principal.
Quando o governador de Minas Gerais me propôs recriarmos a Secretaria de Agricultura de Minas, eu, como professor de agronomia de universidade, achei isso o máximo, mas disse a ele que nós precisaríamos realmente fazer todo o esforço que fosse necessário pela pesquisa, inclusive ter autonomia financeira porque a pesquisa precisava estar em primeiro lugar e todas essas questões burocráticas precisariam ser tratadas por secretárias competentes, deixando os pesquisadores assim focados apenas em seus projetos. Logo depois, fui convidado pelo Presidente Ernesto Geisel para assumir o Ministério da Agricultura, aí o cenário mudou, porque ganhamos mais autonomia.
Conseguimos investir na área, avaliamos o que precisava ser feito, investimos em treinamento, enviamos 1530 profissionais para os grandes Centros de Ciências do mundo, investimentos em tecnologia no bioma do cerrado brasileiro. Os pesquisadores começaram a se sentir valorizados, eles se prepararam, participaram e se dedicaram intensamente. Todos esses fatores geraram tal eficiência e sucesso na agricultura tropical, sustentável, competitiva, auto suficiente e isso só foi possível a partir de uma base sólida na área da pesquisa.
MJ: A criação do PCI foi um passo importante e revolucionário ao setor. Como foi criar e acompanhar o avanço e o amadurecimento desse projeto?
Paolinelli: Foi muito importante para nós. A minha experiência em Minas ajudou bastante, porque eu trabalhei por três anos e saí com o visto que o Cerrado era a grande solução. Não era a melhor terra do mundo, mas poderia se transformar em uma terra produtiva, eu já tinha a certeza disso. Através dos trabalhos desenvolvidos em Minas, ganhamos visibilidade do Maurício Reis. Tivemos grandes parcerias na época e foi possível criarmos projetos muito bem equilibrados para atender as demandas necessárias do Brasil. Era preciso mudar o conceito da Agricultura e só era possível fazer isso de uma forma, através do produtor.
Além da Embrapa, fui autorizado a desenvolver a Embrater (Empresa Brasileira de Extensão Rural), ela dava assistência técnica, creditícia e uma assistência de governança na propriedade que foi muito importante. O projeto financiava todos os itens necessários que capacitava a mudança do produtor que finalmente saiu da categoria de subsistência. Muitos agricultores foram beneficiados por esse projeto e nós precisávamos de 3 bilhões de hectares a mais para ter a auto suficiência, porque o Brasil importava um terço do que consumia e esse projeto Polocentro foi muito criterioso. Ele colocou à disposição do projeto o equivalente na época. Sabíamos que, em Minas Gerais, naquela época, gastava-se mil dólares para concertar um hectare de cerrado, então foram três bilhões equivalentes em moeda nacional colocados à disposição desse projeto, que não falhou. Então, o agricultor teve a confiança de realizar as mudanças porque ele teve o apoio técnico, financeiro. A Embrater levava a tecnologia e informação para ele, dava toda a assistência técnica, creditícia e familiar. Assim nós fizemos o início dessa revolução, quando o agricultor viu que realmente dava certo, foi ao contrário, ele foi quem começou a pedir ao governo para financiar e nós tivemos que correr muito para atender a demanda.
MJ: O que é importante dizer para a população sobre a sustentabilidade?
Paolinelli: Existe um problema de educação. A nossa educação, infelizmente, ainda não atingiu, exceto poucas áreas onde foram desenvolvidos projetos de cidades novas brasileiras que tem de tudo hoje (salas de aula muito bem equipadas, com recursos de última geração, os alunos tem todo apoio, professores muito bem treinados), todos criados e mantidos pela iniciativa privada, já que o governo não soube fazer. Só para você ter uma ideia, nessa relação de 150 cidades, há uma escola de medicina em cada para cuidar da saúde, há cidades com três escolas de medicina. Quem investe nisso investe em evolução, em transformação, eu acredito muito na evolução quando ocorre de maneira completa.
Na década de 60/70, o alimento chegava aqui mais caro do que em qualquer lugar do mundo. Quase sempre, ainda caía na mão de um atravessador, porque eram poucos os importadores no país. Como resultado, o preço do alimento quase triplicava. Nós discutíamos a importância de tentar ajudar a família média brasileira, pois ela chegava a gastar cerca de 48% de sua renda só em alimentação. Ela não tinha as condições que precisava ter para vestuário, transporte, saúde e educação. Quando passamos a investir no cerrado brasileiro e com sua produção, consequentemente, acabar com a importação, a partir da década de 80, o Brasil passou a exportar e ganhar dinheiro lá fora, mandando alimentos a mais para o mundo, os preços caíram lá fora e aqui dentro.
Existem estudos que mostram que, entre os anos de 1980 e 2000, caiu de 70% o custo do alimento, mas o governo não soube aproveitar isso. Agora, o importante mesmo foi esse alimento ter chegado à mesa do consumidor independente de política. A população em regra é muito imediatista e a agricultura não funciona desta forma, se bem que desenvolvemos tecnologias capazes de diminuir bastante esses impactos. Hoje, o Brasil consegue cumprir três safras de milho por ano, enquanto lá fora apenas uma safra é entregue. O nosso produto chega ao consumidor mundial com qualidade, constância e oferta porque é produzido durante 12 meses no ano, enquanto lá fora são apenas 3.
É importante a população ter conhecimento desses dados porque o Brasil vai caminhar para uma direção de dar estabilidade, tenho defendido uma tese em todos os congressos internacionais que participo, chegou o momento de fazermos um pacto internacional. A guerra acontece por causa da fome, da miséria, a necessidade de alimento leva uma população á guerra, ver um filho com fome é um dos atos mais degradantes que existe. Para isso não ocorrer, é necessário que os países ricos, que encontram-se pressionados por estas ondas migratórias e atualmente gastam trilhões em obras, policiamento, exércitos e armamentos, enquanto poderiam investir na causa inicial do problema, ou seja, resolver a fome desses locais proporcionando uma maior justiça social, combater o mau pela origem.
MJ: Quais as expectativas e os projetos da Abramilho?
Paolinelli: A Abramilho tem uma responsabilidade muito grande. O milho será o cereal mais consumido no mundo. Existe uma expectativa positiva sobre a próxima safra, mas ainda faltam alguns instrumentos que a concorrência tem como respaldo e nós não, como o seguro rural. O milho tem um valor agregado muito baixo, para produzir milho exige uma cultura muito delicada e de muito risco. Se você não tiver chuva para após o plantio e o crescimento, na que for hora ocorrer a reprodução da espiga, não haverá milho. Muitos produtores acabam perdendo produção por causa disso, em outros países, não há prejuízos porque os produtores ficam protegidos pelo seguro.
Os países mais populosos tendenciam sair dos carboidratos e investir em proteína nobre e proteína nobre se faz com ração e a ração é feita com 70% de milho e 30% de soja. Hoje, os EUA já declararam que não conseguem atender toda a demanda, enquanto o Brasil ainda consegue quadriplicar a sua safra. Então, a Abramilho precisa de apoio para ajustar esses pontos quanto antes, pois o setor agrícola tem uma participação essencial na economia e não podemos perder essas oportunidades.
MJ: Nos conte como foi receber a notícia sobre a indicação ao Prêmio Nobel da Paz?
Paolinelli: Minha indicação foi uma honra muito grande, mas sempre deixei claro que o Brasil é quem merece esse prêmio, não sou eu. Eu fui “um dos”, porque ninguém faz nada sozinho. Apenas tive a oportunidade de participar na hora certa na mudança que se processou no Brasil. Agora os verdadeiros responsáveis por toda essa mudança foram os nossos cientistas, nossos pesquisadores, nossos extensionistas que levaram a assistência técnica e creditícia e ensinaram os produtores a mudar aquela agricultura obsoleta que tínhamos. São os braços técnicos que nos ajudaram a montar e a fazer funcionar as políticas públicas que nós fizemos na época e são principalmente os produtores. Costumo dizer que esse prêmio para mim vai vir na proporção em que eu e meus filhos estamos produzindo, é uma parte pequena, mas feita com muito carinho e amor porque sabemos que estamos ajudando o país ali. Esta é a proporção que me cabe, não quero roubar de ninguém esse mérito, sou muito realista.
***Sei que foi um gesto surgido de companheiros que comigo lutaram 40, 50 anos juntos — nós não paramos de trabalhar. Esses companheiros, alguns quase irmãos pelo tanto de tempo juntos, acabaram por me indicar como a representação do que de fato é o Brasil. Então, eu digo a eles, “esse prêmio que vocês estão me indicando não seria meu, mas sim do Brasil”. Seria do cientista, do técnico que montou projetos de política pública viáveis e do agricultor, a grande peça dessa evolução. Quem merece esse prêmio não sou eu, é o Brasil.