Por Luiza Pinheiro- Repórter Rio de Janeiro
 
Adotar é um ato nobre que pode fazer muito bem a crianças que não tem um lar para chamar de seu nem alguém para ampará-las de perto. No entanto, quem adota também se sente feliz e tem a melhor recompensa: o amor de um filho. Alguns famosos fazem parte dessa estatística. O casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso adotaram Titi e Bless no Malaui. Além deles, a jornalista Glória Maria é mãe das irmãs Maria e Laura. Ela afirmou em uma entrevista que suas filhas a elegeram entre tantas outras crianças do abrigo. Outra personalidade famosa foi Drica Moraes, que conheceu seu filho Mateus quando ela tinha 39 anos.
 
Atualmente no Brasil, há 46.071 pretendentes, de acordo com relatório do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Um número quase cinco vezes maior do que o de crianças aptas a serem adotadas (9.412), o que seria muito bom, pois todas poderiam ser acolhidas e receber carinho e um lar para elas. No entanto, muitos desses jovens continuam nas instituições de assistência social, enquanto diversos candidatos a pais esperam bebês ou crianças bem novinhas.
 
Metade dos pretendentes a adoção, 72,9% mais especificamente, só aceita quem tem cinco anos ou menos. A partir dessa idade, a quantidade vai caindo e, comparado ao total, poucas pessoas aceitam crianças mais velhas. Apenas 598 postulantes, ou seja, 1,29%, estão dispostos a acolher aquelas de 14 anos para cima, por exemplo. Desse geral de pretendentes, 38,62% aceitam adotar irmãos. Já em relação a gêmeos, o número cai um pouco para 36,24% que se mostram dispostos. De acordo com dados da Corregedoria Nacional de Justiça, em 2018 houve 2.184 adoções por meio do CNA. Ainda não é uma quantidade tão alta se comparada com a de crianças que esperam ser escolhidos e de adultos que aguardam na fila de adoção.
 
A dificuldade é muito grande para quem já não é tão mais novo, pois não contam com muitas pessoas dispostas a adotá-los. Isso pode fazer com que essas crianças e adolescentes fiquem nos orfanatos até completarem a maioridade. O jovem acaba não tendo mais o direito de permanecer nessas instituições de acolhimento após os 18 anos e têm de sair e lidar com as coisas por conta própria. Devido a isso, a Política Nacional de Assistência Social determinou que os municípios criassem repúblicas, que acolheriam quem tem de 18 a 21 anos nessa situação. No entanto, em muitos lugares como o Rio de Janeiro isso não acontece e essas pessoas continuam abandonadas e com dificuldades.
 
No Distrito Federal, a Vara da Infância e Juventude está lançando a segunda edição da campanha ˜Em Busca de um Lar˜, que procura exemplificar por meio de fotos e vídeos que, apesar de não se encaixarem nos padrões mais desejados de adoção, jovens de 10 a 18 anos incompletos querem ser acolhidos. O supervisor da Vara da Infância e Juventude do Distrito Federal, Walter Gomes, em fala para o site de notícias G1, explica que essas crianças só querem conhecer uma família que os aceitem como filhos e ter alguém para chamar de pai e mãe.
 
Para quem quer ingressar no cadastro de adoção no Brasil, o procedimento conta com algumas regras básicas que não são conhecidas por todos, como o pretendente precisar ter no mínimo 18 anos de idade e ser 16 anos mais velho do que a criança que será adotada. De acordo com o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para iniciar esse processo deve-se ir até um Fórum ou Vara da Infância e Juventude mais próxima e preencher um formulário com informações pessoais, além de mostrar documentos próprios, que serão enviados para o Ministério Público analisar. Os postulantes, então, passam por avaliação de uma equipe técnica do Poder Judiciário e participam de um programa de preparação para quem busca essa habilitação. O requerimento é analisado por um juiz, que expõe sua decisão aprovando ou não o pedido feito. Depois é o momento de ingressar no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento e iniciar o período de experiência. Passada essa etapa, os pretendentes terão 15 dias para propor a adoção. O prazo máximo para concluí-la será de 120 dias, prorrogáveis por apenas uma vez.