Acesso em vez de posse: a Economia Colaborativa na Moda
Por Ana Luiza Timm Soares
Diretora de jornalismo: Letícia Fagundes, Jornalista
Chefe de reportagem: Juliana Monaco, Jornalista
Editora de conteúdo – Site MJ: Beatriz Azevedo, Jornalista
Já é sabido o fato de que a geração Millenial prioriza experiências em detrimento da acumulação de itens de consumo. Afinal, por que comprar algo quando é possível pagar apenas pelo seu uso? Esta é uma tendência que vêm se estabelecendo nos mais diferentes segmentos atualmente.
Nesse sentido, a economia colaborativa é uma nova forma de olhar os processos de organização social ligados à produção, distribuição e ao consumo de bens e serviços, propondo alternativas mais sustentáveis. Ela parte justamente deste modelo que valoriza o acesso no lugar da posse de determinado produto.
Plataformas como Airbnb, BlaBlaCar e a própria Netflix propiciam experiências neste formato, e a Moda também já apresenta suas versões de negócios a partir deste viés – com o perdão do trocadilho. 😛 Uma delas é o “closet compartilhado”, em que a ideia se baseia na locação de peças por meio de mensalidades e/ou itens avulsos.
A ideia de aluguel de roupas não é nova, no setor de Moda Festa é algo bastante consolidado, seja de roupas já usadas ou do chamado “primeiro aluguel” – neste caso, a peça é feita para determinada(o) cliente e depois também vai para a roda da locação. A diferença destas para as atividades contemporâneas é que há peças para diferentes ocasiões e de distintos estilos. Além de itens de vestuário, a maioria dos lugares também conta com acessórios, sapatos, bolsas e afins.
As primeiras iniciativas com esta proposta são a Dress & Go e a Roupateca, ambas de São Paulo/SP. O sucesso foi tanto que diversas marcas reconhecidas no mercado nacional apostaram na ideia e fazem parte do acervo de ambas, provando que este tipo de consumo é complementar a outros já estabelecidos no mercado. Os serviços contam com aluguéis de marcas de luxo, despertando o desejo das(os) consumidoras(es).
Florianópolis/SC também conta com este serviço, e a Não Tenho Roupa vêm provando que o conceito de armário compartilhado é extremamente cool. Com quase 200 mil seguidores no Instagram, o perfil produz conteúdo de qualidade com diversas referências dos anos 2000, cativando não só o público que passou a adolescência no período, mas também uma geração Z antenada em cultura de Moda.
A Otra Vez, localizada em Porto Alegre/RS, traz um conceito bem abrangente de consumo consciente, aliando a “biblioteca de roupas” à venda de peças em seu brechó, sendo este um mix de garimpos vintage e peças de segunda mão. O local também conta com a própria marca autoral de vestuário, produzida a partir do método de upcycling, e espaço colaborativo com ateliê de costura para profissionais do setor realizarem seus trabalhos.
Tive a oportunidade de conversar com a proprietária do Otra vez – Bruna Stephanou – e com as meninas que compartilham o espaço – Francisca Robalo e Irene Serafini (Maria José do Canto também compartilha o espaço, mas não estava presente no dia da visita) – e fiquei encantada com o olhar carinhoso e generoso que as gurias têm com a Moda. Apesar dos percalços que esse novo tipo de negócio apresenta, as gurias são otimistas e acreditam no poder da educação nesse processo.
E para quem acredita que este tipo de serviço existe apenas nos grandes centros, saiba que Pelotas/RS também conta com seu closet compartilhado: o Pesco Estúdio é um projeto desta que vos fala e de Júlia Tunes, e fica localizado no coração da cidade – segundo piso do Orion Café.
O local conta com um acervo de marcas reconhecidas no mercado e também com peças de designers regionais como Eliza Andrade, Rosa Lima, AK All Sizes, Sem Estampa entre outras; e o aluguel das peças é realizado por meio de assinaturas mensais. Assim como o Otra Vez, o Pesco acredita nas práticas educativas para fomentar o consumo consciente e visa oferecer, além deste serviço, cursos e workshops na área criativa, além de realizar lançamento de novas marcas/coleções, feiras semestrais, entre outras atividades.
Contem aí: o que vocês acham deste tipo de negócio? Usariam estas peças?
Beijos e até a próxima!