Acabou o Big Brother, e agora?Vencedora Juliette representa o Brasil
Por Letícia Fagundes, Jornalista – Rio Grande do Sul/Brasil
“Ah se formou em jornalismo para escrever sobre um monte de gente dentro de uma casa”. É, para você pode ser! Todo culto aí, cheio de livros, acessos a viagens, a cursos, especializações. Enche também a boca, além de falar sobre o que um jornalista deve ou não escrever, mas o que o brasileiro tem que consumir. Ou sea, esse texto aqui não é para vocês, não o leia, por favor!
Fica fácil, com o rabo sentado ditar o que cada um deve comer, ler, ver, ir. “Rede Globo está ganhando grana nisso tudo”, mas quem trabalha de graça? Quem obriga as pessoas irem para o Big Brother Brasil? Inscrições são feitas!
Mas já estou justificando o que é inútil para quem tem opinião para tudo e na maioria das vezes está também lendo coisas inúteis (no meu ponto de vista).
Mas aqui não é para falar sobre opiniões, fosse assim me debruçava num muro, em frente alguma casa e falava da vida das pessoas. Vou falar do que tenho conhecimento técnico: televisão.
A TV, para muito jovens de hoje, os vídeos, ainda fazem milionários. A TV além de entregar nesse BBB21 um prêmio, ter ficado um pouco mais rica, ela entregou pensamentos pro lado de cá. Se antes o telespectador era mero receptor, hoje falamos de quem não aceita qualquer conteúdo.
O BBB21 entregou uma série de valores, principalmente a que a ganhadora de R$1,5 milhão de reais, gritava ontem: “Acreditem uns nos outros”.
Juliette foi a prova viva, o gênero vivo, a região que mais sofre preconceito do Brasil, ali, sozinha, no meio de 19 pessoas além dela. Nunca ganhava uma prova, era excluída, não davam conversa, chamada de muitas coisas que envolviam o caráter dela. Mas como disse antes, o telespectador não é mais mero receptor e foi o maior avaliador de injustiças e desprezos que cometiam com a então vencedora.
Por outro lado, os próprios participantes tiveram muitas convicções destruídas. Ídolos que
erraram e que a TV, o vídeo, sem cortes, não deu conta de deixar a melhor versão deles, entregou tudo, mostrando o quão errar é humano.
Tivemos cancelamentos, parecia algo novo, porque vivemos conectados, fosse durante o dia nos bastidores do programa e na edição do AO VIVO a noite e discordamos de vários cancelamentos.
Mas e agora que tudo isso acabou, o que será de nós brasileiros, desprovidos de TV a cabo, assinatura de livros e dinheiro para livros e documentários, em plena pandemia? Sem vidas alheias para cuidarmos e dizermos o que deveriam fazer ( e esse é o sucesso do programa, você fica ali, esperando que o outro faça o que você espera que seja feito, pura ilusão), será que teremos o que fazer de lazer midiático?
Esse texto não é para você que tem acessos, ok? Portanto, estou criando expectativas dentro da realidade de famílias no país, aquela metade de brasileiros que sobrevive com apenas R$ 438 mensais, ou seja, quase 105 milhões de pessoas que têm menos de R$ 15 por dia para satisfazer todas as suas necessidades básicas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Não quero opiniões de você, que replica as opiniões dos 1% dos brasileiros mais abastados que vivem com R$ 17.373 mensais e você tenta copiar a forma de pensar deles, porque consome uma vida de luxo por foto em redes sociais.
Por que o povo votou e fez Juliette ganhadora do BBB21? Uma mulher, nordestina, com vários irmãos, uma mãe ainda jovem esperando operação no SUS, por que?
Aqueles 204 milhões de brasileiros, ou 96% da população que assistirem TV, que fica mais de sete horas por dia, quer ser representado de alguma forma, já que nem o próprio presidente Jair Messias Bolsonaro, os representa.
Quem pode responder por que o BBB vai fazer falta, por que nós brasileiros ficamos ligados nele, criamos expectativas e tornamos alguém milionário, é a classe trabalhadora, chão de fábrica como dizem os cultos e leitores de grandes obras (muitas vezes escritas até por pedófilos como foi o caso do Gabriel Matzneff, escritor francês que transava com uma garota de 14 anos e ainda ganhava dinheiro em suas obras onde contava com detalhes o que fazia com ela).
Portanto, parem de acreditar que são mais cultos porque tem outros acessos. Ler, viajar e ter acessos não te faz melhor, pelo contrário te faz HUMILDE.
Utilize isso para ouvir!
E diante da experiência técnica e formação que tenho em televisão, admitam que o BBB fará falta para o brasileiro que citei, porque pelo salário que o IBGE justifica, mal dá para comprar uma folha do jornal.