Por Mariana Mendes – Jornalista- SP

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Editora – chefe: Letícia Fagundes

 

Na quarta-feira, completou 100 dias para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Após o adiamento inédito devido a pandemia, atletas de todo o mundo se preparam para a maior competição de esportes, que será sediada no Japão, entre os dias 23 de julho e 8 de agosto.

Apesar da complicada situação mundial, os treinamentos finais estão a todo vapor. Com 207 esportistas brasileiros já classificados, o Comitê Olímpico do Brasil, o COB, buscou finalizar alguns protocolos na última semana para se adaptar à nova realidade dos Jogos. Além da disponibilização de treinamento seguro no Centro de Treinamento Time Brasil, medidas de prevenção à COVID-19 serão adotadas como: redução da delegação brasileira, restrição a oficiais que integrem o grupo de risco e criação de uma comissão médica específica para garantir a segurança nas Olimpíadas.

A principal questão que pode destacar essa edição dos Jogos é o desempenho dos esportistas. A falta de infraestrutura, o corte de gastos, cancelamento de competições preparatórias e fechamento de locais de treinamentos, pode afetar no resultado final. Para Arthur Zanetti, “Não teremos aquelas quebras de recorde absurdos. Serão Jogos com notas mais baixas e tempos mais lentos”, disse o ginasta ao EL País.

Os esportes mais prejudicados pelo cancelamento de competições classificatórias para os Jogos foram a ginástica artística e a natação. A Seletiva Olímpica Brasileira de Natação será disputada entre os dias 19 a 24 de abril e é a última chance de classificação. Já a ginástica artística teve sua Copa do Mundo de individual geral cancelada.

Os esportistas tiveram que encontrar alternativas para treinar em casa com ginásios fechados desde março de 2020 e muitos precisaram participar de torneios após um ano de paralisação. O COB buscou alternativas para continuar competindo em busca da classificação, por exemplo, a seleção de judô viajou para a Europa para treinar.

Ainda mais, os principais clubes olímpicos precisaram cortar salários dos atletas na pandemia. Há quase um ano, o Esporte Clubes Pinheiros, um dos clubes com mais atletas classificados, anunciou corte de 25% na remuneração devido à crise. A queda de investimento no esporte já vinha antes do coronavírus, com fechamento de editais de apoio pelas Forças Armadas, falta de reajuste na Bolsa Atleta e redução de pessoas envolvidas no projeto.

Os protocolos de segurança também afetarão o clima de festa e convívio dos atletas. Sem possibilidade de grande torcida, equipes reduzidas, falta de integração com os outros competidores e sem chance de explorar o local dos Jogos, não há dúvida que isso tira uma parte especial da competição. “Acho que vai ser diferente a ponto de chegar só para competir e ir embora. Não é chegar e aproveitar um pouco aquele ambiente de você estar entre os atletas, de ter aquele clima de Olimpíadas”., comentou Ana Sátila ao globoesporte.com.

As dificuldades ainda se apresentam a poucos meses da competição. O Comitê Olímpico Internacional (COI) cancelou oficialmente nesta quinta-feira (15) o Pré-Olímpico de boxe, tendo suas vagas distribuídas pelo ranking. Assim, o Brasil será representado por sete boxeadores, quatro na categoria masculina e três na feminina.

Além disso, o líder do Partido Liberal Democrático, Toshihiro Nikai, não descartou a possibilidade de cancelamento dos Jogos. “Precisamos cancelar sem hesitação se eles (os Jogos) não forem mais possíveis. Se os contágios se propagarem por causa das Olimpíadas, não sei para que servem as Olimpíadas.Teremos de tomar uma decisão nesse ponto.”, disse.