Luiza Esteves
Repórter Mulheres Jornalistas – RJ
 
 
Cada vez mais a busca pela praticidade norteia a era digital. Primeiro, a internet se bastava como uma rede de computadores, depois passou a estabelecer a relação entre pessoas e comunidades. Hoje a rede interliga objetos e dispositivos inteligentes. Essa terceira fase é denominada a Internet das Coisas e visa auxiliar o cotidiano das pessoas por meio da tecnologia.
 
Esse conceito se refere à ideia de que tudo pode ser conectado a uma rede. Objetos, pessoas e até animais, desde que contenham chips, poderão estar interligados. A casa inteligente já é uma realidade de como a Internet das Coisas pode ajudar no dia a dia. É possível ligar ou desligar lâmpadas por meio de aplicativo de celular, receber e armazenar receitas da rede na geladeira e as fechaduras podem transformar os dispositivos móveis em chaves, além de notificar o dono da casa toda vez que a porta é destrancada.
 
Exemplos como o da Casa Inteligente revelam que a terceira fase digital está mais presente do que se pensa. Mas não é preciso buscar aplicações tão complexas. O GPS é um modo mais simples de como usar a Internet das Coisas a favor da sociedade. Ele funciona por meio do envio de sinal para os satélites e assim consegue determinar a posição no mapa. O aparelho também permite indicar quais são os caminhos possíveis para chegar ao local desejado.
 
A praticidade do GPS ajudou Ricardo Pinto, tecnólogo em Engenharia de Petróleo e Gás. Quando viajou para Cabo Frio, ele buscou auxílio na ferramenta, já que não sabia realizar o trajeto sozinho. “Fiquei bem mais tranquilo depois que usei o GPS, porque ele te dá uma noção do caminho e eu sempre cheguei ao destino certo e na hora marcada”. Ricardo usou o aparelho para caminhar pela região ir às praias e aos pontos turísticos. Depois dessa experiência, ele usa sempre o aplicativo quando precisa ir para algum local que não conhece.
 
Quando não se sabe como chegar ao destino desejado, também é possível fazer uso de aplicativos que permitem a conexão com as informações do GPS em tempo real. O Uber e o Easy Taxi são formas de usar essa tecnologia para reduzir o tempo de espera do passageiro, pois o carro mais próximo é escolhido automaticamente. Isabelle Rodrigues, instrutora de dança na FitDance, faz uso do aplicativo por conta do preço mais em conta e do atendimento dos motoristas. “Já cansei de ver taxista recusando uma corrida porque o destino era muito próximo. No Uber não tem isso, eles te levam aonde você quiser”.
 
Isabelle também prefere o Uber porque o aplicativo permite entrar em contato com o motorista por mensagem ou ligação. E para a identificação do carro, o dispositivo mostra o modelo do veículo, a placa e a foto da pessoa que dirige. O Uber é um exemplo de como a Internet das Coisas pode atuar nos meios de transporte para auxiliar no dia a dia das pessoas. Desse modo, o mesmo princípio tecnológico pode ser usado em trens, metros, ônibus e bicicletas.
 
O ciclista federado e analista de sistemas, Nei Esteves, costuma usar a Internet das Coisas para auxiliar nas corridas e treinos. Ele pedala com o uso de um equipamento que registra os tempos e deslocamentos e depois transfere os dados para o aplicativo chamado Strava. Nele fica registrado o desempenho do ciclista por meio dos recordes pessoais, o que permite comparar o tempo gasto por percurso com outros usuários. “Posso acompanhar os meus tempos e até os batimentos cardíacos. É muito útil para saber como foi meu desempenho nos treinos”.
 
A Internet das Coisas é muito usada também no universo dos esportes. Edgar Gurgel, doutor em Engenharia de Sistemas e Computação, relata que os jogadores de futebol usam um dispositivo nas costas. Trata-se de um sensor que contabiliza quantos quilômetros o atleta correu e, por meio dessas informações, é noticiado qual foi o desempenho deles no fim do jogo. Do mesmo modo funciona o aparelho que os corredores usam presos ao corpo para contabilizar tempo, deslocamento e batimentos cardíacos.
 
Todos esses exemplos de como usar a Internet das Coisas no dia a dia revelam o rápido avanço tecnológico. Contudo, é necessário se ater às questões levantadas por Carlos Lemos, doutor em Sistemas Computacionais. Em relação aos desafios da tecnologia para o futuro, o professor alerta para o problema do Silício. “Os clipes são feitos de silício. Esse material chegou na limitação de velocidade dele e a consequência é o aquecimento dos computadores”. Como solução, ele menciona o uso da luz, materiais orgânicos ou estruturas vivas para armazenar os dados.
 
Carlos Lemos também problematiza qual seria o futuro da Internet das Coisas no Brasil. “Como, num país em que a gente não consegue dar o mínimo, tem que ter pesquisa de ponta?”. Para ele, seria necessário investir na área de saúde, educação e infraestrutura para garantir ao brasileiro aquilo que é primordial para o desenvolvimento do país.
 
Além disso, ele afirma que não há como recuperar a defasagem tecnológica do Brasil em relação aos países desenvolvidos e que não faz sentido investir em Internet das Coisas enquanto há defasagem nas áreas mais básicas para a população brasileira. Apesar do atraso tecnológico do Brasil, a Internet das Coisas já faz parte do cotidiano de alguns brasileiros. Aplicações nos meios de transportes e na realização de atividade física são alguns exemplos.