Por Mariana Mendes, Jornalista -SP
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Chefe de reportagem: Juliana Monaco
Editora Chefe: Letícia Fagundes

Há duas semanas, o Instituto Mulheres Jornalistas publicou uma entrevista com a pesquisadora Monique Torga sobre seu estudo em relação às mulheres que trabalham em cargos de direção e administração dos clubes do futebol brasileiro. Para compreender melhor esse cenário, o MJ conversou com Ana Lorena Marche, que trabalha na Federação Paulista de Futebol (FPF.)

Ana é formada em Educação Física, com mestrado e doutorado na área. Apaixonada por futebol, sempre teve interesse na profissionalização do esporte. “Sempre acompanhei o futebol feminino, mas de longe, nunca tinha pensado em trabalhar em clube ou entidade”, conta.

Porém, enquanto trabalhava na Universidade do Futebol como coordenadora de cursos, percebeu a falta de pessoas atuando dentro do universo do futebol feminino. “Ainda era muito amadora a modalidade, por isso resolvi sair e procurar emprego na área, até que apareceu a Ferroviária”. Ana Lorena trabalhou durante quase três anos no clube do interior de São Paulo como coordenadora geral de futebol feminino. Após seu tempo na empresa, Aline Pellegrino, atual coordenadora do Departamento de Futebol Feminino na FPF, convidou Ana para trabalhar com ela.

Hoje, como coordenadora da categoria das mulheres na FPF, Ana consegue entender melhor sobre o papel da mulher na gestão do esporte. Além disso, ela destaca as dificuldades de trabalhar no ambiente: “A maior dificuldade é a mudança de percepção que precisa acontecer dentro das instituições. Poucas olham para o futebol feminino como uma possibilidade, ainda olham muito como uma obrigatoriedade”, diz.

Entretanto, a coordenadora é otimista em relação ao cenário. “Mas a mudança está acontecendo e o número de mulheres está crescendo, criando oportunidades para tantas outras. Vejo muitas ações acontecendo para mudar esse cenário, e fico muito feliz de participar de várias delas, ações para oportunizar e capacitar são fundamentais”, explica.

Além do cargo na Federação, Marche também participa do portal Máquina do Esporte como colunista, com uma visão mais profissional das mudanças no futebol feminino brasileiro. Ser uma representante ativa dentro do cenário profissional é importante para Ana, que não acreditou na aceitação das instituições ao começar na carreira. “Eu via que o caminho era impossível. Precisamos mostrar essas mulheres para criarmos laços com outras, elas são fundamentais.”

Apesar da importância reforçada por Monique Torga da presença de mulheres em todos os ambientes do futebol, principalmente o problema na ausência delas na administração das categorias masculinas, é importante reconhecer as mulheres que fazem o futebol feminino crescer no Brasil.

Graças à melhor estruturação do departamento, foi criado, em 2017, o Campeonato Paulista de Futebol Feminino sub-17, importante para as categorias de base e melhor profissionalização das atletas. Na época, Aline Pellegrino declarou: “É fundamental para a modalidade ter um campeonato de base feminino. Esse é um desejo antigo das entusiastas do esporte e que, com certeza, elevará o patamar da modalidade no país. Queremos revelar novas Formigas, novas Martas, Cristianes, para manter o Brasil como referência do futebol feminino.”

Essa visão do crescimento das categorias femininas é compartilhada por Ana, sendo parte da sua missão da Federação.